Minha memória dos 2 anos de idade até aqui tem pontos que marcaram, e por isso não são esquecidos. O primeiro grande marco, acho que foi o Adino Xavier:
- Mãe, não quero mais ir pra escola. [toma-lhe choro]... porque a tia me bate.
- Tudo bem, onde você quer estudar? No Adino Xavier, onde estuda Chico Júnior(coleguinha vizinho).
Colégio público. Roda de banda, garrafão, palitinho, pau-na-cabrita, pular carniça, gangue, vamo que vamo. A primeira vez que cruzei o pátio com meu pão de creme em uma mão - e a laranjinha na outra, vi o céu abaixo dos meus pés. Passei no meio da roda e não sabia nem o que era aquilo.. alguém veio correndo de longe e me passou uma pernada de modo que rodopiei e caí de cabeça perpendicular ao chão, com laranjinha e pão de creme. A tia na secretaria passou merthiolate e me tacou de volta na sala de aula. Homem não chora - dizia ela com cara de má.
Alfabetização: Cada aluno leia uma palavra no jornal, recorte e traga aqui pra tia.
Fabinho, o que está escrito aqui? Me perguntou um coleguinha - Félix Pacheco, respondi.
Professora, olha aqui: Félics, féliques.
Que lindo, venha cá! Professora Maria Lúcia, veja, o Bruno já lê palavras com xis! Que inteligente!
Não tenho recordação de elogio de professores no Adino Xavier. Mãe, quero estudar no Alfredo Backer.
2ª, 3ª e 4ª séries... lá participei da fundação de diversos grupos terroristas sem fundamento. Lá eu dominava, era mentor de diversos atentados, era até certo nível (bem baixo), respeitado - mas no bairro onde eu morava meu apelido era: Fabinho, o lerdo.
Isso tinha diversos motivos. Basicamente eu não tinha um irmão, não tinha quem me defendesse, e vivia num meio onde eu era um dos menores. Os outros da mesma faixa que eu tinham irmãos mais velhos e outros irmãos da mesma idade, de modo que se fortaleciam entre si, eu porém, era definitivamente em todos os aspectos o mais fraco. Político, social, cultural e animal. Apenas para esclarecer, o aspecto animal é aquele que fala da lei do mais forte, os demais já são conhecidos.
Um outro motivo igualmente forte é que eu vivia em outro mundo. Raramente conseguia me sintonizar com os papos da galera e frequentemente falava algo incompreensível ou ainda, merda.
E quem fala merda, é pau-na-cabrita.
Bem, contudo aquele não era o fim do mundo. Ao menos, ali a índole tendia bem de leve para o bem. E eu já tinha meu destaque garatido na escola, não precisava taaanto assim de respeito no bairro. Tranquilo. Fabinho Lerdo aqui, Fuhrer ali..
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